quarta-feira, 27 de julho de 2011

Um estranho no ninho. Ou: nem tudo é vermelho


Eu gostaria de compartilhar uma descoberta nessa grande fauna. Achei um cara que se diz conservador! Caramba, pensei comigo, será que ele não está se sentindo como um estranho no ninho. Na verdade, essa pessoa sabe que ele é como uma espécie “invasora” e fala abertamente sobre sua situação sui generis:
“estou aqui mas entendo minha situação, não sou companheiro, mas sou um professor que no final do mês recebe 680 reais (com descontos) por mês, numa profissão que é tão falada como estratégica esse é o valor que se dá no 2º maior Estado do Brasil. E o pior é ter de conviver e ver essa cambada que está aqui com visíveis interesses políticos”
Dei corda e perguntei: mas que cambada é essa?
“Ah cara, não sabe? São os companheiros, pessoal da luta, da revolução, os cooptadores e infelizmente a categoria é usada a anos para manutenção dos companheiros. Mas existe disputas intensas dentro da intelligentsia. Já viu as faixas e bandeira aqui, tem grupos que se matariam para assumir a liderança isolada desse movimento”
Mas você não se sente participando dessa situação que você mesmo critica?
“Parece a princípio isso, mas cara como disse é uma situação crítica que eu passo, e sabe de uma coisa nesses mais de 12 anos de magistério a maioria dos professores que encontrei não são de esquerda...”
O que?
“Cara, são pessoas que se omitem às vezes e permitem que outros se aproveitem. Vou além muitos aqui parecem fazer parte da turma né? São apenas usados. Repito o que me faz participar disso são as condições trágicas em que trabalho, e não trabalho para provocar a revolução, não eu sou professor para ensinar, preservar nosso valores e não muda-los. Não acho que a sociedade precisa desses messias.”
É questão de respeito ao nosso trabalho?
“Isso respeito ao que eu faço por vocação, gosto e pelo que me faz ser útil para sociedade, só quero ser valorizado são 16 anos no mínimo de formação e isso segundo Cabral (da turma dos petralhas) vale a bagatela de 680 líquido. Tá eu sei que um trabalhador assalariado, faxineiro sei lá vai achar que é um salário suficiente. Só que eu ...”
Leva trabalho para casa e tem muitas responsabilidades.
“É isso tem mais se eu sou um profissional estratégico para nosso país e levo 16 anos para estar apto a lecionar como posso receber só isso, é questão não de ser melhor que outros trabalhadores é questão de proporção e prioridades e isso não está na pauta desses comandantes eles querem derrubar o sistema (rsrsrs)”
E ele terminou esse papo com uma gargalhada e disse que iria voltar para casa porque ele ia levar seus filhos na missa (era sábado), vejam essa se descobrirem que ele vai a missa ele vai até ser expulso. Sempre que posso eu converso com o cara e ele diferente do resto conversa comigo, não tem a volúpia da verdade sem aquele tom de verdade absoluta, trocamos ideias honestas francas, um hiato nesse acampamento. Realmente, o cara é um estranho no ninho e nem tudo é vermelho!
Pessoal eu vou voltar ao acampamento hoje a noite amanhã vou tentar postar algo via lan house, estou tentando fechar o texto sobre uma besta-fera vermelha. Até a próxima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário