terça-feira, 2 de agosto de 2011

Como um Cerberus descoordenado.

Neste último sábado o acampamento dos professores grevistas ficou em estado de alerta. Tudo por causa do ato conjunto, repito conjunto, durante o sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de Futebol de 2014. A intenção era realizar uma manifestação aproveitando a presença da imprensa internacional. Bem eu acordei cedo da barraca, vesti minha roupa para o evento e partir com alguns professores daqui. Fomos ao Largo do Machado de onde seguimos para a Marina de Glória, no caminho comecei a perceber que dentre os diversos grupos ali presentes, dos mais variados movimentos, não estavam totalmente em harmonia.
Quando chegamos próximo a Marina topamos com um esquema de segurança e com grades de proteção, pronto aqui começou o nosso próprio desentendimento, um grupo se separou e foi para pista o outro na grama pedia para aqueles não ficarem sentados na pista. Sinceramente a coisa ficou feia, eu estava pronto para fugir caso os Pm's resolvessem digamos apaziguar os ânimos.
O evento marcou de forma clara um forte desentendimento entre os diversos ramos no movimento e acredito que só vá piorar, o clima está tenso e amanhã teremos assembleia e tudo pode acontecer, inclusive um racha entre os grevistas. Eu estarei na ABI de manhã e conferir tudo de perto e ao vivo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Um estranho no ninho. Ou: nem tudo é vermelho


Eu gostaria de compartilhar uma descoberta nessa grande fauna. Achei um cara que se diz conservador! Caramba, pensei comigo, será que ele não está se sentindo como um estranho no ninho. Na verdade, essa pessoa sabe que ele é como uma espécie “invasora” e fala abertamente sobre sua situação sui generis:
“estou aqui mas entendo minha situação, não sou companheiro, mas sou um professor que no final do mês recebe 680 reais (com descontos) por mês, numa profissão que é tão falada como estratégica esse é o valor que se dá no 2º maior Estado do Brasil. E o pior é ter de conviver e ver essa cambada que está aqui com visíveis interesses políticos”
Dei corda e perguntei: mas que cambada é essa?
“Ah cara, não sabe? São os companheiros, pessoal da luta, da revolução, os cooptadores e infelizmente a categoria é usada a anos para manutenção dos companheiros. Mas existe disputas intensas dentro da intelligentsia. Já viu as faixas e bandeira aqui, tem grupos que se matariam para assumir a liderança isolada desse movimento”
Mas você não se sente participando dessa situação que você mesmo critica?
“Parece a princípio isso, mas cara como disse é uma situação crítica que eu passo, e sabe de uma coisa nesses mais de 12 anos de magistério a maioria dos professores que encontrei não são de esquerda...”
O que?
“Cara, são pessoas que se omitem às vezes e permitem que outros se aproveitem. Vou além muitos aqui parecem fazer parte da turma né? São apenas usados. Repito o que me faz participar disso são as condições trágicas em que trabalho, e não trabalho para provocar a revolução, não eu sou professor para ensinar, preservar nosso valores e não muda-los. Não acho que a sociedade precisa desses messias.”
É questão de respeito ao nosso trabalho?
“Isso respeito ao que eu faço por vocação, gosto e pelo que me faz ser útil para sociedade, só quero ser valorizado são 16 anos no mínimo de formação e isso segundo Cabral (da turma dos petralhas) vale a bagatela de 680 líquido. Tá eu sei que um trabalhador assalariado, faxineiro sei lá vai achar que é um salário suficiente. Só que eu ...”
Leva trabalho para casa e tem muitas responsabilidades.
“É isso tem mais se eu sou um profissional estratégico para nosso país e levo 16 anos para estar apto a lecionar como posso receber só isso, é questão não de ser melhor que outros trabalhadores é questão de proporção e prioridades e isso não está na pauta desses comandantes eles querem derrubar o sistema (rsrsrs)”
E ele terminou esse papo com uma gargalhada e disse que iria voltar para casa porque ele ia levar seus filhos na missa (era sábado), vejam essa se descobrirem que ele vai a missa ele vai até ser expulso. Sempre que posso eu converso com o cara e ele diferente do resto conversa comigo, não tem a volúpia da verdade sem aquele tom de verdade absoluta, trocamos ideias honestas francas, um hiato nesse acampamento. Realmente, o cara é um estranho no ninho e nem tudo é vermelho!
Pessoal eu vou voltar ao acampamento hoje a noite amanhã vou tentar postar algo via lan house, estou tentando fechar o texto sobre uma besta-fera vermelha. Até a próxima!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Radiante Bia. Melhor, Um Solzinho em nossas vidas

It's alright, it's alright, it's alright.
She moves in mysterious ways.
It's alright, it's alright, it's alright.
She moves in mysterious ways, yeah, oh, ah.
Lift my days, light up my nights, oh.
 
(Mysterious ways - U2)
 O acampamento continua vivo hoje eu retornei para casa mas minha barraca ficou lá- se bem que a maioria das barracas estão lá mas seus ocupantes não, tipo figuração - vou retornar amanhã a noite e ficarei pelo menos mais uns dias, compelido pela minha viagem "antropológica".
 Aproveito esse hiato para compartilhar um relato curioso sobre uma figura, digamos radiante, trata-se de um dos caciques desse nova tribo: Maria Beatriz Lugão Rios. Está presente em várias entrevistas, sempre disposta a explicar para o público as nossas (peraí deles, pois como já explique eu estou aqui fingindo) reivindicações.
 Ela até fala bem, pena não encontrá-la muito aqui. As más línguas, sempre as más, dizem que ela não está acampada e no fundo não apoiou a ideia de instalarem as ocas na rua da Ajuda. O engraçado é que se isso for verdade, ela está agora mais em evidência, como pSolzinho a brilhar. E deixem contar algo que aconteceu nesse fim de semana: foi um sábado nublado e em nenhum momento o nosso pSolzinho apareceu - uma pena pois perdeu a galera dançando Trilher na festinha Ploc -  e no domingo o tempo  permaneceu fechado, até que um fenômeno inimaginável aconteceu, o pSolzinho da noite!

EXPLICANDO O FENÔMENO
 No fim da tarde uma equipe da TV RECORD apareceu no acampamento, esse evento provocou uma mudança drástica na dinâmica atmosférica - validando de vez o que Edward Lorenz chamou de efeito borboleta - o "bater de asas" da equipe jornalísticas foi o suficiente para dissipar as nuvens e permitir que o nosso pSolzinho pudesse brilhar durante a noite, num dos mais belos espetáculos da natureza. E para nossa sorte está registrado e você pode ver no:
http://videos.r7.com/professores-continuam-em-greve-e-acampados-no-rio/idmedia/4e2d6281e4b0930545617b93.html
Nem todo mundo nasceu para os holofotes!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Uma viagem Insólita ao esquerdismo. Ou: Segura na mão de Marx e vai.

"Ne le laissez pas faire le bien. Sera-ce l'abus."  Victor Hugo

Bem vou começar esse blog através de uma experiência, para descobrir como atuam, o que querem e  o que pensam pessoas com orientação esquerdista. Queria a muito tempo realizar essa "pesquisa", só faltava uma boa oportunidade. E ela surgiu com a greve dos professores estaduais do Rio de Janeiro. 
 A duas semanas atrás quando os professores montaram acampamento na rua da Ajuda, eu pensei perfeito, posso ficar lá e conviver com os acampados e observar, compreendê-los. Só precisei dizer que sou professor e chegar com minha barraca, para ser aceito como um membro da "tropa vermelha". Sobre a facilidade de entrar no movimento já faço um questionamento: se eu que não sou da categoria estou aqui, quantos mais aqui se enquadram nessa situação. A resposta são alguns, temos aqui alunos profissionais (ligados a partidos), outros profissionais, "intelectuais", revolucionários ligados aos mais diversos partidos - é foice e martelo de todos os jeitos, além do singelo Solzinho - temos aqui conosco até um presidente.
 Nessas 2 semanas descobri, algumas coisas, umas interessantes, como por exemplo o saco de gato que nós chamamos de esquerda e as rivalidades internas (eufemismo). Eu vou compartilhando esse meu diário de bordo nessa insólita viagem e que Deu... não! Que Marx nos proteja nessa embarcação.

No Próximo capítulo teremos a nossa radiante Bia!
Ismael Pedreira